No terceiro dia das atividades do Curso de Extensão sobre os Ecossistemas de Mato Grosso do Sul conhecemos a fazenda San Francisco no Pantanal do Rio Miranda, onde nos deparamos com uma biodiversidade exuberante.
O nome da fazenda foi dado pelo primeiro proprietário Hélio Coelho, um médico que se especializou em San Francisco, na Califórnia, no ituito de homenagear sua esposa. Atualmente é proprietário da fazenda seu filho Roberto, que resolveu desenvolver a fazenda com tecnologia de ponta parcialmente adaptada para o gado enquanto outras áreas foram estudadas para o plantio do arroz.
Como as áreas alagadas da fazenda enriqueceram as fontes de alimento, atraindo aves e animais do Pantanal, a fazenda implementou uma terceira atividade: o turismo científico. A fazenda possui uma área de 15.000 hectares (quase a metade da área total do município de Bento Gonçalves), dos quais 7.000 formam uma Reserva Particular do Patrimônio Natural.
Como biólogos, nos encantou sobremaneira a riquíssima biodiversidade. Realizamos diversas atividades para observação de fauna e flora pantaneira: Safari Ecológico (fotográfico); Passeio de Chalana no Rio Miranda e Focagem Noturna, além de assistirmos uma palestra sobre o Projeto Gadonça que estuda a onça-pintada na fazenda.
Para chegar Miranda saímos de bonito as 5 horas da manhã do dia 19/08/2011. Já na fazenda, após as formalidades de preenchimento de seguro, fizemos o desjejum com um lanche preparado pelo Hotel e embarcamos para o safári ecológico onde ao invés de armas portamos nossas máquinas fotográficas para registrar tudo o que víssemos.
Embarcando para o safari (foto de Gladis F. Cunha)
Embarcamos todos no mesmo caminhão de observação, deixando para trás o animados periquitos príncipe (Aratinga nenday), espécie pantaneira que usufruía dos alimentos oferecidos na cede da fazenda.
bando de Periquito príncipe (foto de Gladis F. Cunha)
Foram observadas várias espécies de aves, entre as quais chamam a atenção os vários tipos de gaviões, garças e o gigante tuiuiú (Jabiru mycteria).
Tuiuiu (arquivo)
Outro encantamento são os jacarés do Pantanal (Caiman yacare). Uma cena inusitada foi observarmos uma capivara andando calmamente entre os jacarés. A capivara é um dos alimentos preferidos pelos jacarés, mas eles não atacam nada que não possam engolir inteiro, assim, embora comam os filhotes são inofensivos para os adultos.
Capivara entre jacarés (por Gladis F. Cunha)
Longe dos jacarés a cria mama tranquilamente, não se abalando com nossa presença.
Capivara amamentando (por Gladis F. Cunha)
Os filhotes da coruja buraqueira também ficaram tranquilos com nossa presença e nos observaram curiosos de dentro do ninho.
Filhotes ainda no ninho, nos observando atentamente (por Gladis F. Cunha)
Um pescador voraz nadava em busca de alimentos. Era uma lontra difícil de fotografar pois elevava a cabeça para respirar, mas logo mergulhava.
Lontra observada durante o safari (por Gladis F. Cunha)
Lontra (arquivo)
Na estrada um carcará (Polyborus plancus) que é da família dos falcões. Ele permaneceu calmo enquanto passávamos possibilitando muitas fotos.
Carcará (por Gladis F. Cunha)
As simpáticas araras canindé também frequetam a fazenda em busca de alimentos.
Arara canindé (por Gladis F. Cunha)
Uma parte do safári realizamos sobre uma trilha suspensa. À entrada observamos um espécime de Novateiro (Triplaris brasiliensis). Estes vegetais estavam floridos colorindo de rosa a paisagem. Apesar da beleza das flores esta é uma árvore perigosa, pois seu tronco oco serve de moradia para formigas por isso também é conhecido como Pau Formiga.
Novateiro em flor (arquivo)
As formigas simbiontes defendem a planta de qualquer agressor, atacando ao primeiro toque, por isso a planta foi apelidade de novateiro, pois somente um novato desavisado se atreve a tentar colher suas flores, recebendo como prêmio doloridas picadas, que permanecem ardendo por vários dias.
Garça moura (Ardea cocoi) por Fazenda Hotel e Ecoturismo AREIA QUE CANTA
Finalizado o safári almoçamos, após um breve descanço assistimos a uma palestra sobre o Projeto Gadonça que estuda a predação do gado por Onça-pintada (Pantera onca) e Onça-parda (Puma concolor).
Onça pintada (arquivo)
O Projeto Gadonça é um projeto ambiental de caráter científico, conservacionista e educacional que tem como objetivo principal o estudo da interação entre grandes predadores carnívoros silvestres e animais domésticos na região do Pantanal do Mato Grosso do Sul.
Entre os objetivos específicos do Projeto estão: i) determinação do tamanho das populações de grandes predadores silvestres, tais como as onças-pintadas (Panthera onca) e onças-pardas (Puma concolor) e das populações de espécies principais de presas utilizadas como alimento por estes predadores na região sul do Pantanal do Mato Grosso do Sul; ii) determinação do impacto da predação de onças sobre o gado doméstico; iii) determinação dos padrões de distribuição e deslocamento de onças na região; iv) análise de medidas preventivas à predação de onças sobre o gado; v) estudo da influência do parentesco e dispersão na determinação dos territórios de onças.
Todas as pesquisas desenvolvidas na Fazenda San Francisco são ou foram teses de especialização, mestrado ou doutorado e as publicações desses estudos, estão fornecendo importantes informações da biologia e ecologia das espécies citadas que poderão servir como estratégias para futuros planos de manejo e conservação, em especial dos animais mais ameaçados.
Após a palestra seguimos para o rio Miranda onde navegamos numa chalana, observando a fauna local.
Na chalana foto ( por Gladis F. Cunha)
O socó-boi é uma das espécies observadas às margens do rio Miranda (arquivo)
Num dado momento, ancoramos para pescar piranhas, com as quais alimentamos um grande jacaré (o Mala) um dos quatro espécimes que já espera por isso. Estes jacarés se aproximam da chalana e recebem uma piranha como recompensa, após “demonstrarem” como são capazes de impulsionar o corpo erguendo-o para da água.
Depois que o Mala engoliu seu petisco ficou calmamente junto ao casco deixando que nosso guia apontasse com uma vareta partes da sua cabeça e tórax, ressaltando aspectos da anatomia destes dentuços répteis.
Foto de Gabriela Avlad disponibilizada no Facebook
Terminada esta etapa, fizemos um lanche e esperamos o anoitecer para a focagem noturna, quando nosso grupo seguiu em camionetes diferentes. Durante a focagem um guia com olhos de coruja procura e foca os animais com hábitos mais noturnos. Nosso grupo observou tamanduá-bandeira, um casal de “lobinhos” (graxaim), uma coruja de orelhas (Rhinoptynx sp.)
coruja de orelhas (arquivo)
Também vimos duas jaguatiricas (Leopardus pardalis) uma das quais estava até bem tranquila e não fugiu permitindo boa visualização.
Não vimos onças, mas o vídeo amador postado no youtube mostra duas onças, que foram observadas nesta mesma fazenda em maio, durante o dia. Como estavam muito interessadas nos acasalamento chegaram bem próximo ao carro, para alegria dos observadores (tenha paciência e assista até o final, pois vale à pena).
Ola Gladis, bom dia! Muito legal sua postagem, ja compartilhei no nosso facebook, twitter, blog e orkut. Um abraço pantaneiro Carol
ResponderExcluirIncrivel ameiiiii
ResponderExcluirgostaria d vienciar isso com vocês
Hola cómo estás, y no viste pumas u osos de anteojos ??
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