sábado, 30 de julho de 2011

Vivências em Biologia: Turismo Científico e Ecológico no Mato Grosso do Sul – Parte 1.

Grupo completo fotografado pelo guia Morales (clique na imagem para ampliar)

O contato com um ambiente que se diferencia bastante do encontrado no Rio Grande do Sul propicia uma maior compreensão das interações entre os organismos e o ambiente. Também se desperta para a importância da preservação da biodiversidade brasileira.

A oportunidade de conhecer alguns ecossistemas naturais da região tropical brasileira, qualifica a formação dos Biólogos, bem como de estudantes em geral. A região visitada se caracteriza por ecossistemas do tipo savana em Jardim e Bonito e de Planícies alagadiças do tipo Pantanal em Miranda.

A fauna e flora presentes se diferenciam bastante do que se observa na serra gaúcha, tanto em termos de espécies presentes quanto de adaptações ecológicas. Além disso, várias características abióticas destes ecossistemas não são observadas no sul do Brasil, de modo que as aprendizagens foram bastante significativas.

O turismo científico ecológico propicia o desenvolvimento de habilidades relacionadas à prática de campo, que vão desde a observação, o uso de equipamentos especiais e uma postura adequada ao biólogo.
Nesta postagem, trataremos das vivências do primeiro dia em Jardim (MS), onde foram realizadas a flutuação no Rio da Prata e a visita ao Buraco das Araras.

FLUTUAÇÃO NO RIO DA PRATA
Cede e recepção do Recanto Ecológico Rio da Prata, veja em destaque as lixeiras para adequada separação de resíduos (foto de arquivo).
 Esta atividade é desenvolvida numa fazenda particular que criou uma RPPN, onde desenvolve atividades de turismo científico/ecológico com flutuação que se inicia num pequeno efluente e chega ao Rio da Prata.

Na recepção há um ambiente muito aconchegante e bem equipado, que ajudou o grupo a se recuperar da longa viagem de 28 horas num ônibus e a se preparar para as atividades agendadas previamente. Esse agendamento prévio é essencial pois a cada dia é possível atender a um máximo de 150 visitantes, evitando-se impactos excessivos ao ambiente natural.

Os equipamentos necessários são disponibilizados aos visitantes. Para flutuação são formados grupos de até nove visitantes mais o guia. Entre os grupos deve transcorrer um intervalo mínimo de 20 minutos. Já paramentados, com roupas e botinhas de neoprene e portando o respectivo snorkle, os grupos são conduzidos ao início de uma trilha ecológica muito bem estruturada, por onde percorrem cerca de 3 km, até chegar ao início da flutuação.

Durante a caminhada cruza-se por espécies vegetais típicos e identificados por placas e é possível visualizar algumas espécies animais como o macaco prego, cotia e o Mutum de Penacho, entre outras.
Mutum de Penacho - macho (foto de arquivo)
 Ao final da caminhada chegamos ao largo onde se treinam os procedimentos para a flutuação, dando maior atenção de acordo com as necessidades.
Local de preparação, quem já dominou a técnica aguarda as últimas intruções do guia.
 Nesse ponto os guias avaliam quem poderá seguir rio abaixo ou quem deve voltar. Entre os alunos da Biologia, ninguém ficou para trás e todos puderam vivenciar esta maravilhosa experiência de flutuar num rio de águas transparentes com muitos peixes que nos olhavam com curiosidade e sem medo.

Todos prontos (foto do guia Altemir?)
 Um dos peixes mais impressionantes é o Dourado com sua cara mal humorada e dentinhos pontiagudos.
Dourado (foto de arquivo)
 Na maior parte do tempo, a flutuação é realizada em águas rasas, por isso é preciso cuidar dos joelhos.

A flutuação é feita em fila indiana (foto Daniela Domingos)
 Há alguns pontos de parada ao longo do trajeto para relaxar da postura de flutuação, que força um pouco a coluna lombar e o pescoço, para ficar um pouco em pé, respirando pelo nariz. Em alguns destes pontos, há plataformas, pois não se deve agitar a areia do fundo, evitando-se o turvamento da água.
Pequena pausa (foto do guia)
Descanso sobre plataforma submersa (foto Daniela Domingos)
 Apesar de alguns peixes virem nos olhar olhos nos olhos, a maioria se refugiava nos pontos mais sombrios.
Não só peixes no rio, também podem ser observados alguns jacarés ou sucuris, mas isso é mais raro. O Cledson Sachinni até viu um jacaré e tentou alertar nossa fotógrafa oficial a Daniela Domingos, mas...
Foto Daniela Domingos
Foto Daniela Domingos

Foto Daniela Domingos
 Ao longo do rio, podem ser observadas ressurgências de água no fundo. Elas representam o retorno de águas de fontes que começam sobre o solo, depois desaparecem em caminhos subterrâneos e ressurgem alimentando o volume de águas do rio.

Imagem de arquivo
 Este é um aspecto fundamental da ecologia das águas e seu conhecimento gerou as leis de proteção às nascentes, já que sem o seu acréscimo de águas, mesmo grandes rios podem vir a secar, trazendo sérios riscos à vida humana.
Vulcão! (foto de Daniela Domingos)
 O ponto do rio com ressurgência mais acentuada é chamado de vulcão. Nesse ponto a profundidade é maior e a força com que a água ressurge é muito grande, por isso, quem deseja tocá-lo deve tirar o colete salva vidas e forçar o mergulho.
Daiane Formentini voltando após tocar no vulcão (foto Daniela Domingos)
 Concluída a flutuação um transporte conduz a cede da fazenda, onde um delicioso almoço aguarda os famintos visitantes (nada mal!). Após a conclusão da flutuação e almoço de toda nossa “trupe intrépida”, seguimos viagem para...

O “BURACO DAS ARARAS”
Foto de Isaias Malta (17/07/2011)
 Este é um lugar impressionante! Trata-se de uma gruta cujo teto desabou, formando no seu interior uma mata com um pequeno lago. Nosso guia afirmou que habita o fundo do buraco um casal de jacarés. Como será que chegaram lá?
Vista Geral do buraco (foto de Isaias Malta)
 As araras usam as paredes para obter minerais necessários aos seus processos digestivos e também utilizam buracos para construção de ninhos.
Araras em fenda na parede do do Buraco (Foto Isaias Malta)
 Atualmente, se observa o buraco apenas de cima em dois mirantes. O acesso ao fundo por rapel só é feito por pesquisadores com projetos aprovados. Porém, antes dessa propriedade ser comprada pelos atuais proprietários, houve um tempo em que o Exército Brasileiro realizava exercícios militares no local.

Do fundo do buraco foram resgatados restos humanos e de veículos, caracterizando este local como de “desova” de criminosos.

Houve um tempo em que de araras só havia sobrado o nome e nehuma destas aves era observada na região. Os atuais proprietários introduziram um casal domesticado e, após alguns anos, araras selvagens voltaram a habitar o seu buraco. Atualmente há 30 casais vivendo nesta fazenda.

A estrutura turística vem sendo implantadas aos poucos, a recepção já conta com uma lojinha, cujo lucro da venda de produtos auxilia a manutenção do local.
Lojinha de produtos artesanais (foto de Isaias Malta)
 Há também placas explicativas que descrevem as características geológicas e históricas do lugar e já estão prontos banheiros para uso dos visitantes.

Placas instrutivas (foto de Isaias Malta)
 Findo o dia, deixamos as araras contemplando o lindo visual do por do Sol e seguimos para Bonito.

Foto de Isaias Malta (17/07/2011)
Por do Sol no Buraco das Araras (Foto de Isaias Malta,17/07/2011)
 Em Bonito, nos instalamos no hotel Zagaia, onde um bom banho ajudou a tirar um pouco do cansaço da viagem e das atividades em Jardim e um substancioso jantar aplacou o “renovado” apetite e preparou para a desejada atividade de: dormir novamente numa cama!

A manhã seguinte começou cedo e nos levou a novas e incríveis vivências, que serão abordadas em futura postagem!

Por Gladis Franck da Cunha.

2 comentários:

  1. Com certeza uma experiencia que jamais será esquecida. Muito obrigada aos meus queridos colegas e futuros Biólogos.

    Emili

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  2. Foi tudo maravilhoso, acordar cedo nunca foi tão bom!Experiencias maravilhosas!

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