segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sapo amazônico pratica necrofilia para preservar a espécie

A estratégia é usada para evitar a perda dos óvulos após a morte da fêmea
Macho de Rhinella proboscidea copulando com fêmea morta acidentalmente.
Rhinella proboscídea é uma espécie de sapo que mede até 5,5 centímetros, a pele é lisa nos machos e granulosa nas fêmeas É encontrado na Amazônia central e difícil de ser observada porque não sobrevive em regiões desmatadas. Alimenta-se de ácaros, formigas, aranhas, besouros e grilos e sua reprodução ocorre entre março e maio.
Este sapo da Amazônia acasala com fêmeas mortas acidentalmente por asfixia durante o ato. De acordo com os cientistas, embora em alguns casos a necrofilia (relação sexual com cadáver) possa ser vista como algo negativo, a estratégia da espécie serve para evitar a perda de ovos após a morte acidental da fêmea.
A fecundação dos sapos acontece por meio do estímulo do macho, que usa as patas dianteiras para segurar a fêmea na região peitoral ou na região pélvica. O abraço pode durar horas ou mesmo dias, antes da desova da fêmea.
Após provocar a morte da fêmea por afogamento devido a seu peso, o macho mantém o braço sobre sua companheira durante horas, à espera que ela libere os óvulos na água para fecundá-los. A desova contém cerca de  450 ovos.
De acordo com os biólogos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a morte de fêmeas durante o acasalamento é comum nas espécies de sapos que costumam se concentrar maciçamente em brejos ou lagoas para se reproduzir.
No geral, o que ocorre com as espécies com um comportamento similar é que, quando a fêmea morre, o macho deixa de abraçá-la e a fecundação se perde, nesta espécie, o macho continua apertando a fêmea já morta até conseguir a fecundação. Não se conhece outra espécie de sapo que retire os óvulos da fêmea morta e os fecunde.
Morte acidental — A espécie pratica a "reprodução explosiva", não muito comum entre os sapos e que acontece quando um número muito elevado de indivíduos se concentra durante dois ou três dias nos lugares de reprodução, pois ao entrar na água, muitos machos tentam subir sobre a fêmea, sem deixá-la voltar à superfície, terminando por afogá-la.
O comportamento da necrofilia pode ser explicado pela teoria da seleção natural, já que o propósito é o sucesso reprodutivo. O comportamento inédito foi verificado em observações realizadas na reserva florestal Adolpho Ducke, administrada pelo Inpa e localizada a 26 quilômetros de Manaus. Os pesquisadores descobriram duas pequenas lagoas aonde grupos de Rhinella proboscidea iam para se reproduzir e recolheram 15 fêmeas mortas em junho de 2001 e outras cinco em junho de 2005. Em nenhuma foram achados óvulos, o que demonstrou que o macho esperou até que os expulsasse.
Os biólogos também colheram e observaram os ovos deixados pelas fêmeas mortas até que entraram em estado embrionário, com o que puderam verificar que todos tinham sido fecundados, comprovando a necrofilia.

Referência Bibliográfica:

Resumo elaborado pelas acadêmicas: Daiane Rech, Daniela Menegat, Fabíola Ferrari e Jéssica Joanella.
Prática pedagógica da Disciplina Biologia Celular. 

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