O Sítio foi adquirido pela família em 1952 e a fotografia da cascata foi tirada assim que uma picada foi aberta no mato. Vários hectares dos lotes que fazem divisa com o Rio Barracão foram preservados com mata nativa, desde sua compra por Eugênio Franck, que era técnico em Agronomia. Ele era funcionário da Secretaria Estadual de Agricultura e foi transferido para implantar e dirigir a Estação Experimental de Agricultura de Bento Gonçalves, onde hoje funciona o Museu do Imigrante. Gostou tanto da região que comprou esses terrenos em sociedade com um morador local, que pensava em vendê-lo assim que valorizassem, após algumas benfeitorias introduzidas. Quando ele decidiu vender sua parte, Eugênio comprou-a, pois desejava mudar-se para a propriedade quando se aposentasse como ocorreu no início dos anos 60.
Quando a família Franck se mudou de Taquari (RS) para Bento Gonçalves, no final da década de 1940, a cidade tinha quase todas as ruas de chão batido e a região periférica era formada por pequenos sítios. Assim sendo, o sítio Franck era considerado muito distante da cidade.
Os investimentos na propriedade partiram da idéia de transformá-la em Granja produtora de leite, uva e outras frutas. Muitos experimentos foram feitos com o plantio de variedades européias de uvas viníferas, além de macieiras, figueiras, marmeleiros, pereiras, ameixeiras, laranjeiras, entre outras. Porém, a acidez do solo aliada às condições climáticas não permitiam a produção de frutos com qualidade adequada à comercialização, pois nunca se quis uma agricultura que abusasse de defensivos.
Assim a produção de leite foi o carro chefe da economia do sítio, especialmente antes do surgimento das beneficiadoras, quando a entrega era feita em “tarros” de casa em casa. Os parreirais eram a segunda fonte de renda e os lucros destas atividades permitiram a construção das principais benfeitorias realizadas antes da década de 90.
A fotografia acima foi tirada na década de 1980. Ela mostra a frente da casa principal, emoldurada pelas pereiras em flor. Observe que não havia cerca separando a casa da estrada, isso ocorreu o final dos anos 80. Em parte pelas dificuldades de acesso a um lugar “tão longe” que fazia com que houvesse pouquíssimo movimento de veículos na estrada e também porque o número dos “amigos do alheio” ainda não era tão expressivo.
A intermediação das beneficiadoras de leite e as dificuldades do setor da vitivinicultura fizeram com que o sítio deixasse de gerar lucros e fosse se tornando deficitário, pois os custos de produção eram muito elevados tanto em termos financeiros quanto emocionais. Assim os parreirais foram sendo, gradativamente, eliminados até o final dos anos 80 e a produção de leite foi encerrada em meados da década de 90.
A foto da casa tirada no início da década de 90 mostra que a região de plantio de pastagens chegava até os fundos da casa. Fundos estes que se transformaram em entrada principal, com a instalação de uma cerca que dificulta o acesso direto pela estrada, limitando-o ao portão. Ou seja, a partir do início dos anos noventa, com o asfaltamento da via que liga o bairro Barracão e a região mais central do município, o movimento de veículos tornou-se bem maior e aumentou o número de moradores do bairro, tornando-o mais atrativo aos “amigos do alheio”.
Atualmente, o Sítio é apenas de lazer e a produção objetiva o consumo familiar. O gado presente é de um vizinho que aluga os potreiros e algumas reses são de propriedade particular do caseiro que é autorizado a manter poucos indivíduos em áreas restritas e apenas para seu consumo pessoal.
Em 2003 as áreas circunvizinhas às moradias já estavam gramadas e o pomar atrás da casa principal já estava dando frutos. Na imagem, a quarta geração (os bisnetos de Eugênio Henrique e Isadora) brincando de carrinho de lomba, ora partindo de um ponto junto ao antigo estábulo, ora de perto da garagem.
Abaixo compare as fotografias de 8 de dezembro de 2007 com as tiradas duas semanas mais tarde, no dia 25, após a passagem de um tornado, que produziu mudanças consideráveis em menos de cinco minutos. Nenhum outro evento de igual magnitude, capaz de arrancar árvores inteiras, tinha sido registrado desde 1952, apenas a queda do parreiral por causa de uma forte chuva de granizo.
Algumas seqüelas do tornado ainda podem ser percebidas, mas as novas atualizações desse pequeno histórico ficarão à espera dos artigos, que serão elaborados pelos alunos das Práticas de Campo, edição 2009/3.
Nenhum comentário:
Postar um comentário